Abertura do Congresso SOCERGS destaca evolução da ciência e homenageia tradições gaúchas

10/10/2024

Com a presença de mais de 1.500 participantes, evento se consolida como um importante fórum para discutir novas práticas médicas e inovações

Ao longo de três dias, o Rio Grande do Sul recebe profissionais e especialistas da cardiologia em um ambiente de troca de conhecimentos e avanços. Na solenidade de abertura, realizada no início da tarde desta quinta-feira (10/12), a riqueza cultural e histórica do estado foi evidenciada. O presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul (SOCERGS), Luis Beck da Silva Neto, ressaltou a resiliência do povo gaúcho.

“Nos últimos anos, enfrentamos desafios inéditos em nossa prática, particularmente devido às consequências da pandemia e às mudanças nas demandas de saúde da população. Este ano, fomos impactados pelo maior evento climático já registrado em nossa região, o que afetou diretamente a organização do Congresso. Tivemos que alterar a data, revisar contratos e, em um esforço inédito, planejar dois congressos”, declarou.

Em sua manifestação, o presidente da SOCERGS também agradeceu o apoio prestado ao Rio Grande do Sul durante as enchentes.

“Nos reunimos com a diretoria da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) de forma online para discutir iniciativas de apoio ao Rio Grande do Sul. Dessa conversa, surgiu a ideia de uma campanha nacional incentivando todos os cardiologistas a fazerem doações para o Instituto Cultural Floresta, já que muitos não sabiam como ajudar de maneira eficaz. Conseguimos, também, estabelecer contato com uma grande empresa farmacêutica, que fez uma doação generosa de R$ 10 milhões em medicamentos para o estado. Quero agradecer, em especial, à SBC e ao Dr. Paulo Ricardo Avancini Caramori, cuja liderança foi fundamental para essa monumental mobilização em prol do Rio Grande do Sul”, completou.

Na sequência, foram apresentados dados que reforçam a magnitude do congresso: 359 temas livres aprovados, 88 atividades científicas e a participação de 292 palestrantes, incluindo quatro grandes nomes internacionais.

O presidente do Congresso SOCERGS 2024, José Basileu Reolon, destacou os esforços realizados para superação das adversidades.

“Este evento oferece uma oportunidade única para debatermos os temas mais atuais da cardiologia, abrangendo tanto a cardiologia geral quanto suas diversas subespecialidades. Como de costume, neste ano, mantivemos um diálogo aberto com nossos colegas cardiologistas, escutando suas demandas e necessidades. Muitos dos temas e palestrantes que compõem o congresso foram escolhidos com base nas sugestões enviadas pelos membros da nossa Sociedade”, afirmou.

O diretor Científico da SOCERGS, Eduardo Schlabendorff, ressaltou a participação recorde de inscritos na edição de 2024.

“A participação de todos é o que nos motiva a continuar organizando o congresso com tanto empenho, e já temos mais de 1.500 inscritos, atingindo um recorde que nos enche de orgulho, mas também aumenta nossa responsabilidade. Além da valiosa atualização científica, o congresso se destaca como um encontro anual de colegas e amigos, fortalecendo não apenas laços de amizade, mas também conexões profissionais. Portanto, tudo aqui vai além da questão científica; é um espaço de reencontro. A programação científica foi cuidadosamente planejada para proporcionar uma atualização completa em diversas áreas do conhecimento, com foco nas inovações e avanços, especialmente na inteligência artificial, que promete transformar nossa prática e especialidade”, disse.

A solenidade contou com uma homenagem póstuma a Alcides José Zago, líder admirado da especialidade e por duas vezes diretor e presidente da SOCERGS. Alexandre Zago, filho, recebeu uma placa em reconhecimento ao trabalho dedicado por tantos anos. Após, houve uma homenagem também aos familiares pelo recente falecimento do cardiologista Renato Gilberto Roese.

O médico Paulo Ricardo Avancini Caramori, representando a Sociedade Brasileira de Cardiologia, destacou a integração entre médicos experientes e estudantes, que estão presentes em grande número.

“Este é um dos maiores eventos da cardiologia brasileira, consolidado ao longo de muitos anos de dedicação. Vale destacar o esforço contínuo de diversas diretorias, aqui representadas por ex-presidentes e membros atuais, que juntos construíram um dos congressos mais importantes do país”, relatou o médico e conselheiro administrativo da SBC.

Ao final, o músico gaúcho Ernesto Fagundes foi convidado ao palco para interpretar, ao som do Bombo Legüero, o hino do Rio Grande do Sul, emocionando o público. Logo após, ele apresentou a canção “Origens”, tocando ainda mais os corações da plateia pela identificação da letra com o momento vivenciado recentemente no estado, após a tragédia climática.

Palestra Magna

Na sequência, o público acompanhou a Palestra Magna: “Passado, presente e futuro dos Ensaios Clínicos Randomizados”, com Otávio Berwanger da Silva, da Grã-Bretanha. O palestrante é professor titular em Clinical Trials no Imperial College London; diretor executivo do George Institute for Global Health UK, Londres, Reino Unido; médico cardiologista e Clinical Trialist.

O ensaio clínico randomizado (ECR) é um tipo de estudo experimental amplamente utilizado na cardiologia para avaliar a eficácia e a segurança de novos tratamentos, medicamentos ou intervenções. Neste formato de estudo, os participantes são divididos aleatoriamente em dois ou mais grupos: um grupo recebe a intervenção a ser testada (como um novo medicamento ou procedimento), enquanto o outro, geralmente chamado de grupo controle, pode receber um placebo, um tratamento padrão ou nenhuma intervenção. A randomização garante que as características dos participantes sejam distribuídas de maneira equilibrada entre os grupos, minimizando viés e assegurando que os resultados observados sejam atribuíveis à intervenção testada e não a outros fatores.

“O ensaio clínico randomizado é aquele método que muitos consideram, talvez, e eu me incluo nesse grupo, como a maior descoberta na ciência biomédica do século XX. Foi uma descoberta realmente transformadora, no sentido de modificar e informar as decisões que nós tomamos na prática clínica”, declarou.

O debate foi conduzido pelo médico Flávio Danni Fuchs.

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