Especialistas discutiram avanços em ecocardiografia e diretrizes internacionais, destacando intervenções cirúrgicas e tratamentos precoces para cardiopatias e hipertensão pulmonar no adulto
A primeira parte do encontro, realizado na manhã desta quinta-feira (10/10), trouxe uma abordagem sobre comunicação interventricular no adulto e hipertensão pulmonar, destacando aspectos clínicos e ecocardiográficos. A sessão teve coordenação de Luiz Henrique Soares Nicoloso e a moderação de José Luis de Castro e Silva Pretto e Lígia Beatriz Mambrini Só e Silva.
O primeiro a falar foi Nestor Santos Daudt com a discussão sobre quando indicar o fechamento da comunicação interventricular em pacientes adultos. A Dra. Lívia da Rosa Pauletto complementou o tema, enfatizando as informações fundamentais que devem constar no laudo ecocardiográfico.
Em seguida, a Dra. Patrícia Martins Moura Barrios apresentou uma análise da avaliação clínica no pós-operatório tardio de Tetralogia de Fallot, doença cardíaca congênita que afeta a estrutura do coração, causando a circulação de sangue pobre em oxigênio pelo corpo. Em sua manifestação, ela salientou que as técnicas cirúrgicas para a correção dessa condição têm evoluído, buscando minimizar complicações e melhorar os resultados a longo prazo.
“Procedimentos que preservam a função do ventrículo direito (VD) são fundamentais, pois resultam em menor disfunção temporária e reduzem o risco de arritmias cardíacas. No entanto, a correção pode levar à regurgitação pulmonar crônica, um dos principais desafios pós-cirúrgicos”, relatou.
Na sequência, a Dra. Soraya Abunader Kalil abordou os aspectos ecocardiográficos essenciais para o acompanhamento desses pacientes após a cirurgia.
“O exame verifica se o ventrículo direito (VD) está funcionando bem e se há alterações no tamanho. Também ajuda a identificar problemas como a permanência de comunicações anormais entre as câmaras do coração, obstruções nas vias de saída de sangue do coração, e possíveis estreitamentos nas artérias pulmonares”, descreveu.
O fórum também dedicou espaço ao debate sobre hipertensão pulmonar. A Dra. Gisela Martina Bohns Meyer discutiu os métodos de diagnóstico e tratamento da condição, enquanto a Dra. Raquel Melchior Roman abordou a avaliação ecocardiográfica e o acompanhamento dos pacientes após o tratamento.
Ecocardiografia e novas diretrizes internacionais
A segunda parte dos debates trouxe a discussão técnica e inovadora sobre temas avançados em ecocardiografia, coordenado por Luiz Henrique Soares Nicoloso e moderado por Michel Pereira Cadore. O Dr. Fábio Michalski Velho abriu a sessão revisitando os Guidelines de 2016 para análise da função diastólica, enquanto o Dr. Alexsander da Silva Pretto debateu as recentes diretrizes britânicas e suas implicações nos laudos ecocardiográficos.
“As mudanças nas diretrizes podem impactar diretamente a forma como os laudos são elaborados, promovendo uma abordagem mais eficaz e alinhada com as evidências mais recentes na cardiologia”, ressaltou.
A valvulopatia tricúspide foi o foco da apresentação do Dr. Paulo Salgado Filho que ressaltou a necessidade de intervenções precoces na regurgitação tricúspide.
“Temos dados de estudos que mostram taxas de mortalidade hospitalar entre 8,8% e 37% em pacientes mais sintomáticos, com uma mortalidade que pode chegar a 55% em cinco anos. Em contraste, a intervenção precoce resulta em quase 100% de sobrevida, evidenciando a importância da detecção e tratamento imediatos”, disse.
Já o Dr. Murilo Foppa explorou os desafios da avaliação de estenose mitral em cenários de fluxo e gradiente baixos. O papel do Eco 3D na preparação para procedimentos transcateter da válvula tricúspide foi abordado pelo Dr. Fábio Cañellas Moreira, enquanto o Dr. Issam Shehadeh encerrou a rodada de palestras discutindo os efeitos do abuso de anabolizantes no coração dos atletas.
A sessão foi finalizada com uma discussão dinâmica entre os especialistas e participantes.