Diabetes e doenças cardiovasculares: uma combinação mórbida

10/11/2023

No próximo dia 14 de novembro, é lembrado o Dia Mundial e Nacional de Prevenção e Combate ao Diabetes – doença caracterizada pelo aumento da glicose no sangue, que acontece por causa de problemas na produção ou ação da insulina gerada pelo pâncreas. Como muitas vezes não apresenta sintomas, somente com avaliação médica é possível fazer o diagnóstico da diabetes. De acordo com a Organização Pan-americana de Saúde, o diabetes é a principal causa de cegueira de adultos acima de 40 anos, por doenças renais crônicas e por amputações de membros. A doença é um fator maior ainda para os problemas cardíacos: segundo a International Diabetes Federation (IDF), a estimativa é que 80% dos pacientes com diabetes do tipo 2 morrem em decorrência de doenças cardiovasculares. “O diabetes e as doenças cardiovasculares fazem uma associação mórbida. A mulher diabética tem uma chance de 50% a mais de ter um infarto do que outras mulheres, e o homem, tem um risco de 40% maior”, alerta o presidente da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul – SOCERGS, Dr. Fábio Cañellas. 

O cardiologista relata um dos motivos que levam à relação entre as duas doenças. “O paciente diabético é de alto risco para desenvolver doenças do sistema cardiovascular. A diabetes causa lesão vascular, o que pode impactar na diminuição do diâmetro das artérias do coração. Isso leva à diminuição do fluxo de sangue durante o bombeamento do sangue pelo coração, o que aumenta o risco de infarto.”

Há dois tipos de diabetes: o do tipo 1 e do tipo 2. A primeira, normalmente, surge na infância ou adolescência devido a uma deficiência de insulina e normalmente, está associado à genética. O segundo, do tipo 2, é a mais comum entre a população e ocorre quando o organismo não consegue usar a insulina ou o pâncreas não produz na quantidade necessária. Os níveis adequados da glicose dependem da situação de cada paciente e são avaliados pelo teste de glicemia em jejum e hemoglobina glicada.

Dr. Cañella reforça a necessidade de manter em dia exames laboratoriais: o teste de glicemia e hemoglobina glicada apresentam índices que alertam para um possível problema. Quando a hemoglobina está em 5,7 já há um sinal de advertência, se está em 6 indica pré-diabetes e acima de 6,4 a doença já está instalada. “Esses exames servem para mostrar como está a saúde do paciente. Se são feitos regularmente, com a prescrição e instrução de um médico o paciente será ajudado a mudar seus hábitos de vida”.

A diabetes é uma doença que precisa de cuidados, consultas ao cardiologista e tratamento correto para evitar complicações. Ter parentes de primeiro grau com diabetes aumentam as chances de ter a doença. 

O cardiologista ressalta ainda que quando, além do diabetes, há outros fatores de riscos, como a obesidade, o sedentarismo e o tabagismo, são maiores ainda as chances de o paciente apresentar doenças cardiovasculares. “É preciso a atenção redobrada com a saúde, fazer exercícios físicos, ter uma alimentação equilibrada, com muitas frutas, verduras e legumes, e fazer regularmente a visita ao seu médico de confiança”, frisa.

O presidente da SOCERGS lembra também da importância da atividade física. “A recomendação das organizações internacionais é que se faça, ao menos, 150 minutos de exercícios físicos por semana. Ao logo dos anos, as evidências científicas têm reforçado a necessidade de manter-se em movimento.”

Dr. Cañella salienta que quando o paciente tem o diagnóstico do diabetes precisa ter acompanhamento seguro e regularmente com seus médicos. “Hoje há muitos tratamentos para a diabetes e a indústria farmacêutica tem apresentado vários medicamentos inovadores. Contudo, é preciso estabelecer sua rede de cuidados com médicos de confiança, com acompanhamento com o endocrinologista, com seu cardiologista e quantos outros especialistas forem preciso”, reforça.

 

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