Presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul orienta check-up cardiovascular a partir da adolescência
“Não existe uma idade que se preconiza iniciar o check-up cardiovascular. Mas, desde a consulta com o pediatra, deve-se fazer uma avaliação cardiológica e medir a pressão arterial da criança. Eu recomendo solicitar exame de sangue para avaliar o colesterol, o diabetes, o índice da obesidade... a partir da adolescência, dos 16 anos, época na qual tanto a menina quanto o menino começam a alimentar-se mal, expõem-se ao álcool e até mesmo ao fumo, é uma boa fase para começar a checar”, diz o presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul (SOCERGS), o cardiologista Fábio Cañellas.
Ele explica que nessa idade os exames solicitados são mais simples, mas, necessários. “O exame físico do paciente é básico, assim como exames de sangue, aferição da pressão arterial e, se for necessário, observando-se alguma alteração clínica, pede-se exames mais sofisticados”, afirma.
Começar a fazer o check-up cardíaco precocemente não é um exagero para as doenças que normalmente mais matam no mundo. Entre 1º de janeiro a 1º de fevereiro deste ano, o “cardiômetro” – www.cardiometro.com.br da Sociedade Brasileira de Cardiologia já marcava mais de 35 mil mortes.
O Dr. Cañellas Moreira observa que nos últimos anos a Covid-19 foi a doença mais letal, mas mesmo assim, os problemas cardiovasculares foram os que mais mataram em 2022, com mais de 400 mil óbitos. “Após a queda dos números do novo coronavírus, as doenças cardiovasculares reassumiram a liderança como as principais causas de mortalidade no Brasil e no mundo. Ou seja, essa guerra contra as doenças cardiológicas é diária e nós não estamos ganhando”, observa.
O médico considera que poderia ter havido ainda mais casos de mortes por problemas cardiovasculares. “Nós só não tivemos mais mortalidade porque as pessoas ficaram mais em casa, abusaram menos. Mas, a partir do momento em que essas pessoas começarem a se expor a riscos cardiovasculares, sem saber como está o seu coração, esses números vão aumentar”, sentencia.
Três vilões das doenças cardíacas
O Dr. Cañellas Moreira explica que cada serviço tem o seu protocolo para o check-up anual. A recomendação do serviço ao qual ele faz parte é começar, como rotina, para homens a partir dos 35 anos, com solicitação de exames laboratoriais e colesterol; e para mulheres, a partir dos 45 anos. “Na faixa dos 40 anos já é indicado fazer os exames de prevenção global cardiovascular, rotina de sangue, eletrocardiograma, teste de esforço de acordo com a história familiar e também pode solicitar uma pesquisa vascular com eco de carótidas.”
Como forma de prevenção, ele salienta os bons hábitos de saúde, não perdendo de vista a orientação do cardiologista. “É importante uma consulta com o clínico, com uma boa revisão de laboratório, exame médico, método diagnóstico se precisar e depois adotar como hábito, os exercícios físicos, alimentação saudável e manter o peso dentro do ideal para a sua altura e superfície corporal”, orienta.
O médico lembra ainda que há doenças silenciosas que podem ser detectadas nos exames. Entre elas, o colesterol alto, a hipertensão, o diabetes e a gordura no sangue. Contudo, o presidente da SOCERGS destaca que o principal fator de risco é a hipertensão que, com o colesterol alto e o diabetes, formam o que ele chama de “os três vilões” das doenças cardíacas e acrescenta: “e o fumo vem como um agravante. Mas, é um fator de risco que pode ser modificado”, salienta.
Já o colesterol e a pressão arterial elevados, na maioria das vezes, não apresentam sintomas. “As pessoas se enganam pensando que pressão alta dá dor de cabeça. Fazemos campanhas em parques e vemos que muitos que passam pela aferição, nem imaginavam que tinham hipertensão”, alerta.
Um dos exames utilizados no check-up é o Mapa - Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial – que, como o nome já diz, faz um mapeamento da pressão arterial do paciente durante o dia e a noite.
O médico esclarece que as diretrizes brasileiras para hipertensão estão mudando. “Nós consideramos que, a pressão normal, tem que ficar até 13 por 8. Se nós fizermos o mapeamento da pressão em casa, a média tem que ficar também abaixo de 13 por 8. No entanto, as medidas da vigília, ou seja, durante o dia, é tolerado até 13.5 por 8.5 e durante o sono até 12 por 7. A metade das pressões aferidas pelo Mapa não podem ser maiores do que 13 por 8”, relata.
A mudança das diretrizes brasileiras de pressão arterial será um dos temas do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul 2023 (SOCERGS), que acontece de 4 a 6 de maio, no Centro de Eventos do Wish Serrano, em Gramado. Os interessados podem se inscrever em: https://www.socergs.org.br/congresso2023/.
“Normalmente, nós trazemos mesas redondas sobre este tema, que é importantíssimo dentro do congresso, especialmente para o cardiologista que está no consultório, onde ocorrem casos de hipertensão na gestação, hipertensão no diabético, no idoso, no negro... então, é um tema bastante relevante”, destaca o Dr. Fábio Cañellas.
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